terça-feira, 8 de março de 2022

 Alvor Monografia


Vila de Alvor — Octávio Pereira Ribeiro

Alvor a IPSES ROMANA (séc. II a.C.) 




Nota de Abertura…................................. ……. 3
Localização ...................................................... 4
Brasão…...................................................…….5
Foral….....................................................…….6
História….................................................…….7
Vila Velha de Alvor e D. Sancho..........……....10
Reis de Visita ao Algarve…….....................….11
Igreja do Divino Espírito Santo............…...….12
Igreja da Misericórdia (Rainha Santa).……….14
Morabitos…….............................................….15
             Morabito da Igreja Matriz…     …..….16
             Morabito de São Pedro…          ….….17
             Morabito de São João……           ..….18
 Morabito do Nª Srª do Amparo
                               e morabito da Torre…...    19

Lenda do Senhor Roubado…               …...….20
Reyno do Algarve 1791…                      ….….23
Fortes e Baterias da Baía de Lagos…      …….24
Forte e Castelo de Alvor…                     ...  ….27
Salva Vidas……                                    ….......29
Ria de Alvor…                                  ……........31
Passadiços de Alvor                        …....……..35

.Baía de Lagos (Ponta do Altar - Ponta da Piedade) Século XVIII
Carta de Azevedo Coutinho

Vila Velha de Alvor
PORQUÊ?
Porque quando no século XV Portimão ganhou o estatuto de vila, Vila Nova de PortimãoALVOR passou a auto intitular-se Vila Velha de Alvor.
É que os alvorenses não gostam de confusões.


De povoação piscatória a povoação de turismo  já lá vão mais de 700 anos !!!! !!!
....  há quantos anos andamos por aqui ... e se considerarmos a nossa primeira presença com D. Sancho I já lá vão mais de 800 anos.
É obra !!!


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LOCALIZAÇÃO


Alvor é uma das três freguesias do Concelho de Portimão, com 15,25 Km2
Tem limites com as freguesias de Portimão, Mexilhoeira Grande e Odiáxere, esta do concelho de Lagos,
Fica na margem leste da Ria de Alvor e sensivelmente a meio da Baía de Lagos




Brasão

Escudo de azul, sol de ouro carregado de um mundo do crucífero de vermelho, realçado de prata; campanha de prata; figurando duas ondas e carregada de duas burelas ondadas, uma de verde e uma de azul, tendo brocante uma amêijoa de vermelho.
Coroa mural de prata de quatro torres.
Listel branco, com a legenda a negro: «ALVOR».


Bandeira

Esquartelada de amarelo e azul. Cordão e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro.

Selo

Nos termos da lei, com a legenda:
«Junta de Freguesia de Alvor – Portimão»




A povoação, uma das principais do Algarve, recebeu carta de foral em 29 de fevereiro de 1495 outorgado por João II de Portugal.
Sob o reinado de Manuel I de Portugal, administrativamente, Alvor foi desanexada de Silves em 28 de Dezembro de 1498.
Recebeu Foral Novo em 13 de Dezembro de 1505.
Existe também um alvará para esta vila usar o foral de Silves (Chancelaria de D. Filipe I Livro 10, fl. 281).
Veja-se também a Provisão de 14-12-1715, facultando ao Duque de Cadaval poder vender o sal das suas Marinhas d’Alvor sem embargo da disposição do Foral (Chancelaria de D. João V, livro 44, fl.37).

Obs. Segundo João Baptista da Silva Lopes, a vila só teve foral no tempo de Filipe I, datado de 13 de Dezembro de 1585.



Forte de Alvor


Em Novembro de 1924 foi encontrada, soterrada na Rua do Mourão, uma lápide com a seguinte inscrição; 
«Sendo o Ilmº Bispo e Governador deste Reino, D. Fernando Barreto, mandou acabar este forte no ano de 1675». 
A pedra que era de altíssimo valor histórico, foi empregue na construção de um bebedouro, porque ninguém conseguiu demover o seu proprietário a oferecê-la à autarquia de Portimão para o futuro Museu.

HISTÓRIA

 Alvor bem poderia ter origem em alvorada (amanhecer) mas não, o patronímico é árabe Al-Bûr mas está associada a Portus Hannibalis (Séc. V a. C), como porto, fundado pelo general cartaginês Aníbal, conforme menciona João de Barros -

"Alvor, vila no Reino do Algarve, sabia-se chamar Porto de Aníbal, como diz Florian"

Contudo, o povoado primitivo nasceu e desenvolveu-se junto ao mar, no local chamado de Vila Velha, onde existiu um castro celtibérico da Idade do Ferro, com domínio sobre o rio, que se crê ser a importante cidade de Ipses, que teve direito a cunhar moeda, tendo sido absorvida pela Romanização, cujos vestígios já foram comprovados pela Arqueologia.
Em 716, no curso da Invasão Muçulmana, foi conquistada pelos mouros e começou a ser referida como Albur (campo inculto) ou Al-Bûr, nome do alto onde foi construído o castelo, de que restam apenas pequenos vestígios. 




Alvor foi reconquistada por D. Sancho I, com a ajuda dos Cruzados, em 3 de Junho 1189, que passou a usar o título de Rei de Portugal e Silves, mas perdida pouco tempo depois, 1191, foi inserida definitivamente em Portugal em 1249 com a conquista do Algarve por Dom Paio Peres Correia, comendador da Ordem Militar de Santiago, sendo rei D. Afonso III
O castelo, reedificado por D. Dinis em 1300, serviu durante cerca de 500 anos de fortificação militar de defesa da costa, contra os piratas e corsários, até ser derrubado pelo Terramoto de 1755.
Por carta de D. Afonso V, datada de 22 de Maio 1469, Alvor foi erigida em condado e senhorio a favor de D. Afonso, conde de Faro. Todavia, o condado não teve continuação visto este nobre ter sido implicado na conspiração contra D. João II, em 1483/84, revertendo, por isso, de novo para a coroa. Alvor aparece estreitamente ligada ao rei D. João II, que aqui morreu em 25 de Outubro de 1495, no palacete «sumptuoso» de Álvaro de Ataíde, na Rua do Poço, desenganado dos banhos hidromedicinais das Caldas de Monchique.

Álvaro de Ataíde, guerreiro e alcaide-mor de Alvor, uma das figuras mais prominentes da Vila de Alvor.
Para saber mais caminhar por aqui

Pouco tempo depois, D. Manuel elevou-a a vila e sede de concelho, por carta de 28 de Fevereiro de 1495, acto confirmado por outro diploma datado de 28 de Dezembro de 1498, sendo então desanexada de Silves, estatuto que viria a perder no início do século XIX.
Recebeu Foral Novo em 13 de dezembro de 1505.
O pequeno município era constituído apenas pela vila e tinha, em 1801, 1 288 habitantes tendo sido extinto por Passos Manuel em 1836.
Nas últimas décadas do século XV havia em Alvor uma judiaria, à semelhança de outras terras importantes do Algarve.
1575— D. Francisco de Faro e Noronha, Alcaide-Mor de Alvor, militar ilustre, participou na revolução que levou à Restauração da Independência em 1640.
1653 – A Rainha D. Luísa de Gusmão fez mercê da alcaidaria-mor da vila de Alvor ao Conde de Odemira, D. Francisco de Faro (apelido e não naturalidade). O interesse desta alcaidaria estava nas suas salinas, cuja produção se escoava em grande parte na transformação do pescado das armações do atum e das xávegas da sardinha. Estas salinas foram tão cobiçadas que chegaram às mãos dos Távoras, recaindo depois na posse da coroa, após perseguição e confisco dos bens daqueles fidalgos.
1975 Acordo de Alvor, assinado a 15 de Janeiro de 1975, nos termos do qual Portugal reconhecia a independência de Angola, transferindo o poder para o MPLA, a UNITA e a FNLA.
Desentendimentos entre os três partidos africanos, porém, viriam a redundar numa violenta e prolongada guerra civil, com o MPLA a ocupar a administração de Luanda. mas que levaria o nome da Vila a ser falada pelo mundo fora.
Alvor ergue-se no alto de uma colina, onde sua igreja com vista para o horizonte marítimo, abençoa sua gente e seus visitantes.
Ao caminhar pelas suas estreitas ruas somos envolvidos pelo seu romantismo que nos dá a conhecer heranças mouriscas na visível arquitetura de suas casas.



Tradicionalmente um lugar de vocação marítima e piscatória, dependente da benevolência ou dos desfavores do mar, Alvor é na actualidade uma importante estância turística virada para o futuro, face a uma imparável expansão demográfica e um crescente desenvolvimento económico e social. 
Segundo alguns estudiosos a actual  Alvor terá sido fundado em 436 a. C, pelo general cartaginês Aníbal Barca, um entreposto comercial com o nome de Portus Hannibalis.
Contudo, o povoado primitivo nasceu e desenvolveu-se junto ao mar, no local chamado de Vila Velha, onde existiu um castro celtibérico da Idade do Ferro, com domínio sobre o rio, que se crê ser a importante cidade de Ipses, que teve direito a cunhar moeda, depois absorvida pela Romanização, cujos vestígios já foram comprovados pela Arqueologia. Tomada pelos mouros em 716, a aldeia passou a chamar-se de Albur (campo inculto) e ganhou um imponente castelo de que hoje apenas restam alguns troços. Este bastião foi conquistado por D. Sancho I, a 3 de Junho de 1189, com o auxílio dos Cruzados mas, perdido dois anos depois, só foi definitivamente reconquistado em 1250. Reedificado por D. Dinis em 1300, serviu durante cerca de 500 anos de fortificação militar de defesa da costa, contra os piratas e corsários, até ser derrubado pelo Terramoto de 1755. Por carta de D. Afonso V, datada de 22 de Maio 1469, Alvor foi erigida em condado e senhorio a favor de D. Afonso, conde de Faro. Todavia, o condado não teve continuação visto este nobre ter sido implicado na conspiração contra D. João II, em 1483/84, revertendo, por isso, de novo para a coroa. Alvor aparece estreitamente ligada ao rei D. João II, que aqui morreu em 25 de Outubro de 1495, no palacete «sumptuoso» de Álvaro de Ataíde, na Rua do Poço, desenganado dos banhos hidro-medicinais das Caldas de Monchique. Por vontade expressa do Príncipe Perfeito, dias antes de morrer, Alvor seria elevada a vila por D. Manuel, por carta de 28 de Fevereiro de 1495, acto confirmado por outro diploma datado de 28 de Dezembro de 1498, sendo então desligada de Silves.
Nas últimas décadas do século XV havia em Alvor uma judiaria, à semelhança de outras terras importantes do Algarve.
A Igreja Matriz foi levantada nos primórdios do século XVI, sob auspícios dos Ataíde, alcaides-mores da vila, donatários de avultados privilégios e senhores de boas rendas, sendo provável que tenha sido erigida por Álvaro de Ataíde (filho), que foi alcaide a partir de 1497.
Desta época de prosperidade será também a Santa Casa da Misericórdia, embora o primeiro documento que sobre ela existe esteja datado de 1652.
Segundo João Baptista da Silva Lopes, a vila só teve foral no tempo de Filipe I, datado de 13 de Dezembro de 1585.
Frei João de S. José, em 1577, apresenta Alvor como uma terra afortunada dizendo que na vila «entram barcos, naus e navios carregados».
Anos depois outro autor, Henrique Fernandes Serrão (1606), refere-se aos seus duzentos e quarenta fogos, ao seu castelo guarnecido de «grossa artilharia», às ruínas de uma antiga fortaleza que servia de pedreira para outras construções, à abundância de peixe e marisco, marinhas de sal, «vinhos afamados», passas e trigo.
Menciona também as povoações de Montes de Baixo e Montes de Cima, ou dos Freires, uma importante família nobre local.
Por carta régia de D. Pedro II, datada de 4 de Fevereiro de 1683, a vila de Alvor foi novamente erigida em condado, na pessoa de Francisco de Távora (f.1710), nobre que ocupara altos cargos e se distinguira na Batalha de Montes Claros.
O título passou depois para Bernardo de Távora (2.º conde), e Luís Bernardo de Távora (3.º conde) em quem se extinguiu devido ao processo e suplício dos Távoras em Belém, a 13 de Janeiro de 1759.
Todavia, a supressão do condado não impediu que a rentável alcaidaria-mor continuasse na Casa de Cadaval.
O Terramoto do 1.º de Novembro de 1755 e os embates do terrível maremoto que penetrou vila adentro, arrasou casas, e derrubou o castelo, a torre do Facho e a ermida de Nossa Senhora da Ajuda. A igreja matriz ficou rachada e morreu apenas uma pessoa. A onda devastadora alterou completamente o rio e fez baixar a população para cerca de mil habitantes.
O revés sofrido pelos Távoras provocou a supressão do condado e a incorporação dos seus bens na Casa das Rainhas, até 1773, ano em que o termo foi integrado como aldeia e freguesia no concelho de Portimão.
O rei D. Sebastião visitou o concelho de Portimão entre o Sábado 24 e Terça-feira 27 de Janeiro de 1573, tendo estado em Alvor no dia 24, e também a 25, quando foi visitar as casas, arruinadas, onde em 1495 morreu D. João II.
A alcaidaria-mor de Alvor pertencia então ao conde de Odemira.
João Baptista da Silva Lopes (1841) apresenta a aldeia como «grande e rica», com ostras e amêijoas no rio e campos bem cultivados.
A barca de passagem continuava a ser de donatário e colmatava a falta de uma ponte.
Refeita do cataclismo de 1755, a aldeia acusava em 1900 uma população de 3014 almas.
Os pescadores de Alvor possuíram em tempos um Compromisso, que estava instituído na ermida de N.ª Senhora dos Prazeres e já existia em 1754.
Na actualidade Alvor voltou a ser extensa, lembrando os tempos áureos de antes do Terramoto, em que «os três ferreiros da terra não se ouviam uns aos outros».
A restauração do estatuto e dignidade de vila (mas não de concelho) deu-se a 14 de Abril de 1988, através da Lei 42/88, uma vez que a constante expansão demográfica e o seu desenvolvimento económico, cultural e social assim o exigiam.



Ambos sepultados na Igreja de Santa Cruz — Coimbra

REIS EM VISITA AO ALGARVE 


Desde a conquista do Algarve, e sua definitiva integração no espaço nacional em 1249, até à proclamação da República em 1910, apenas alguns dos nossos monarcas se deram ao trabalho de visitar este extremo sul do território pátrio. Isto comprova, em certa medida, o pouco apreço em que o poder central sempre teve da periferia.
Para Lisboa, o Algarve nunca teve qualquer importância, a não ser pelo exotismo da sua cultura e da sua diversidade ambiental, como se fosse uma espécie de reentrância da África na Europa. Daí que praticamente nunca se tivesse investido na região, mormente através de grandes obras públicas, o que, aparte um ou outro melhoramento operado no tempo de Duarte Pacheco, só na década de sessenta do século passado, após a descoberta das suas potencialidades turísticas, é que o Algarve começou a ser conhecido e visitado, não só pelos turistas nacionais e estrangeiros, como ainda pelas entidades governamentais.
Assim, desde o séc. XII até à queda da monarquia, o Algarve raramente foi distinguido com uma visita régia, sabendo-se o quanto esse gesto dignificava e honrava os povos e as terras que recebiam a comitiva real. Apenas os reis D. Sancho I, D. Afonso III, D. João I, D. Afonso V, D. João II, D. Manuel I, D. Sebastião e D. Carlos I, tiveram a sensatez de honrar o Algarve com a sua presença.

O rei D. Sancho I chegou ao Algarve em 11-7-1189, tomou Alvor, Ferragudo, Estômbar, entre outras praças, e em Setembro, após prolongado cerco, logrou conquistar Silves.
D. Afonso III veio ao Algarve pelas mesmas razões, continuar a conquista do Algarve; chegou a Faro na Primavera de 1249 e após a tomada da cidade, sem derramar sangue, decidiu partir envolto em lendas de paixão.
D. João I chegou a Lagos em 26-7-1415, aquando da conquista de Ceuta e no regresso passou por Tavira onde atribuiu o título de Duque de Coimbra a D. Pedro e de Duque de Viseu e Senhor da Covilhã ao Infante D. Henrique.
D. Afonso V chegou a Sagres em 3-9-1458, e de Lagos partiu para Alcácer Ceguer. Em 9-11-1463 voltou a Lagos para atacar de novo a África. Em 1471 voltou pela terceira vez a Lagos, na sua última tentativa para conquistar o Norte de África.
D. João II  foi também a Tavira, onde chegou a residir para tratar dos seus achaques nas águas de São Paulo.
Mas por falta de resultados mais positivos partiu para Monchique, onde não conseguiu debelar os sintomas de envenenamento de que vinha sendo vítima.
Acabaria por falecer em Alvor, onde parece que tentou novo tratamento de águas.
Ficou sepultado em Silves, até que foi trasladado em longo cortejo fúnebre para o Mosteiro da Batalha.
Foi este o rei que mais tempo permaneceu no Algarve.
D. Manuel I em Agosto de 1508 veio a Tavira onde reuniu um exército para ir em socorro da praça de Arzila.
D. Sebastião veio ao Algarve numa demorada viagem por terras do interior alentejano, marcada com gestos de pompa e circunstância. Chegou igualmente a Tavira, onde reuniu as suas forças militares, e partiu em Setembro de 1574 para Ceuta donde seguiria para o desastre de Alcácer-Quibir.
O último rei a visitar o Algarve foi D. Carlos I, que embora por várias vezes aqui tivesse vindo de forma particular, só uma o fez de forma oficial, decorrendo essa visita de 9 a 14 de Outubro de 1897.



A Igreja Matriz foi levantada nos primórdios do século XVI, sob auspícios dos Ataídes, alcaides-mores da vila, donatários de avultados privilégios e senhores de boas rendas, sendo provável que tenha sido erigida por Álvaro de Ataíde (filho), que foi alcaide a partir de 1497.

Igreja do Divino Espírito Santo  Portal Manuelino ALVOR

A Igreja Matriz de Alvor com a Igreja da Misericórdia de Tavira são os ex-líbris do estilo Manuelino no Algarve. Construída nos anos 20 do século XVI a Igreja Matriz de Alvor apresenta o pórtico manuelino mais bonito da região, decorado com motivos alusivos à fauna e à flora, cenas bélicas e símbolos religiosos.
No interior, destacam-se os azulejos do século XVIII, bem como as riquíssimas imagens presentes nos seis altares de talha dourada. Aqui se encontra também a famosa e milagrosa imagem do “Senhor Jesus”, que segundo a lenda deu à costa e foi colocado no altar pelos pescadores de Alvor.
Mandada construir nos finais do século XV por Dom Manuel, esta igreja apresenta três naves, quatro tramas, duas capelas colaterais e três laterais. Destaca-se um painel de azulejos rococó e o portal manuelino.






A Igreja da Misericórdia de Alvor é uma das igrejas mais interessantes de Portimão . Ergue-se no Centro no centro de Alvor desde meados do século XVII, pode ser pequena, mas o seu encanto é imenso e é um elemento importante da cultura e do património portimonense..
Possui pormenores magníficos, como o púlpito da parede do lado esquerdo, o seu altar, marcado pela extrema simplicidade e os fantásticos vitrais representando o milagre da transformação do pão em rosas pela Rainha Santa Isabel de Portugal, que é a padroeira da igreja.


MONTES de ALVOR - CASA DA IGREJA 




Interior da Capela 


São pequenas construções cúbicas com cúpula de influência árabe destinadas ao culto e homenagem aos "homens santos muçulmanos" ou “Santões” e na maior parte cos casos reaproveitadas para ermidas cristãs.
Vila Velha de Alvor tem no seu espaço urbano os três mais famosos exemplares de Morabitos de Portugal. 
No concelho temos ainda mais 2: Um junto à Igreja do Amparo - Capela do Amparo - (Portimão)  e outro na Figueira (Mexilhoeira Grande).


ALVOR:

Morabito de São Pedro

Morabito anexo à Igreja do Divino Espírito Santo

Morabito de São João

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MORABITO IGREJA MATRIZ 


Anexa à nave Norte da Igreja Matriz de Alvor existe uma capela quadrangular, cuja construção é anterior ao projecto manuelino do templo. Originalmente, foi um dos três morábitos islâmicos de Alvor, pequenos santuários de carácter religioso e, em alguns casos, funerário, destinados a celebrar homens santos do Islão (FIGUEIREDO, 2000, p.25).
Na actualidade, este monumento é apenas apreensível exteriormente, com a sua estrutura quadrangular, encimada por pináculos nos cunhais e cúpula saliente ao centro. Interiormente, é mais uma das capelas da igreja, aberta para o corpo do templo.

Morábito anexo à Igreja Matriz 

Este morábito é importante de um ponto de vista cronológico, na medida em que existem ainda diferentes opiniões acerca da origem destes singulares monumentos. Para os que defendem uma cronologia quinhentista, na órbita das comunidades moçárabes, o morábito da igreja do Espírito Santo parece inviabilizar essa hipótese, uma vez que a sua construção é anterior à da igreja, esta seguramente da primeira metade do século XVI. Por outro lado, o facto de, nesse projecto manuelino da igreja Matriz, o morábito ter sido integrado como capela, favorece a ideia de que, na origem, tinha outra função e, até, outras características civilizacionais.
Neste sentido, a perspectiva de um templo islâmico cristianizado aparece como principal hipótese, reafirmando-se, assim, um entendimento pré-cristão destes monumentos.


MORÁBITO SÃO PEDRO


Alvor possui três edifícios de planta centralizada, actualmente transformados em pequenas capelas, cuja função e cronologia iniciais remontam à época islâmica. 
O melhor conservado é o morábito de São Pedro, localizado à entrada do cemitério da vila, numa das zonas mais elevadas da região e a nascente do núcleo principal urbano.
A nível planimétrico, possui planta quadrangular, "encimada por calote esférica".
Na parede virada a norte, observa-se uma semi-cúpula que dá ao interior um aspecto de altar-mor que, supostamente, seria o “mirhab islâmico"
Ainda no exterior, o monumento caracteriza-se por uma silhueta quadrangular, com fachadas de iguais dimensões, encimadas uniformemente por quatro pináculos, sobre os cunhais, elementos que conferem uma certa monumentalidade e maior altura ao conjunto.
No interior, o espaço quadrado é abobadado por uma cúpula, mas a principal característica é a ausência de decoração, própria de um espaço austero e de meditação interior.Muito se tem debatido sobre a datação original destes morábitos.
A hipótese mais viável é a de estarmos perante obras do período islâmico, semelhantes a pequenos santuários e oratórios do Norte de África, com função religiosa e, eventualmente, funerária, na medida em que alguns foram convertidos em locais de tumulação e de adoração de homens santos do Islão.
Há, no entanto, quem aponte para uma cronologia quinhentista destes conjuntos, ligada muito provavelmente à sobrevivência das comunidades mudéjares. Infelizmente, a inexistência de outras estruturas análogas no nosso país, inviabiliza qualquer conclusão mais segura, sendo imprescindível a realização de escavações arqueológicas junto a estes monumentos, com vista à sua contextualização histórico-cultural. (PAF)

      interior do morágito                                       fotografia aérea do Google 

MORABITO SÃO JOÃO

Na fachada principal, uma inscrição prova a cristianização do edifício: 
"ego sum vox clamantis in deserto", 
epígrafe claramente posterior à construção do templo


O morábito de São João é o mais desconhecido dos três morábitos da vila de Alvor que chegaram até nós. 
A sua construção deve ser contemporânea dos restantes, assemelhando-se em planta e estrutura, o que levou Ana Figueiredo a considerar serem todos obras de um mesmo arquitecto islâmico (FIGUEIREDO, 2000, p.25).
Na actualidade, inserido na densa malha urbanística de Alvor, o monumento passa praticamente despercebido, mas, na origem, a posição sobranceira em relação à ria deve ter-lhe conferido certa monumentalidade, própria de uma marca construtiva na paisagem dominante do monte de Alvor.
Em termos estruturais e decorativos, o morábito de São João repete o figurino ensaiado nos outros dois (de São Pedro e no anexo à igreja Matriz do Divino Salvador) planta quadrangular cupulada, com fachadas igualmente quadrangulares e encimadas por pináculos  sobre os cunhais.


2 Morábitos no Concelho

Morabito Amparo   Portimão

A Capela da Senhora do Amparo é uma capela simples, de origem árabe, foi cristianizada e dedicada a Nossa Senhora do Amparo, também conhecida por Nossa Senhora do Leite, aqui bem representada numa tela atrás do altar, amamentando o seu Filho. 
A este espaço se dirigiam as grávidas para receberem a sua bênção. 
A Capela de Nossa Senhora do Amparo, em Portimão, foi restaurada há 30 anos, para valorização da cultura e património da região.



 Morábito da Torre

Portimão, Mexilhoeira Grande, Figueira, Torre


 


Este morabito é praticamente desconhecido mesmo pelos entendidos nesta matéria do património.
Fica perto da povoação da Figueira na Freguesia da Mexilhoeira Grande, não consta dos roteiros nem parece estar classificado. 
A  porta está orientada a nascente e tem uma vista abrangente.
A propriedade é privada e os caminhos que levam ao edifício estão actualmente bloqueados a automóveis.
Na procura do edifício encontrei um senhor idoso que me indicou a localização aproximada e referiu-se ao mesmo como uma ermida.
O edifício ostenta na fachada os restos duma cruz.
Em Portugal ainda encontramos alguns poucos vestígios destes pequenos templos muçulmanos.
Alguns encontram-se completamente ignorados e abandonados, e este está a servir de palheiro e de recolha de animais.



Há muito tempo estavam uns pescadores de Alvor a pescar quando avistaram um caixão a flutuar.

Não se ouvia falar de naufrágio há algum tempo, por isso estranharam aquele caixão que, por sua vez, seguia em direcção a Alvor.
Quando o caixão encalhou na areia da praia os pescadores puseram os barcos em terra e dirigiram-se à vila para contar o que tinham visto.
A população desceu à praia e decidiu abrir o caixão, o que não foi nada fácil!
Quando o abriram, estava uma doce imagem do Senhor Jesus Crucificado.
Ficaram a olhar uns para os outros, indecisos.
Entretanto, alguém sugeriu que a imagem fosse para a Igreja Matriz.
Foram precisos quinze homens para pôr a imagem às costas. No fundo do caixão um letreiro que dizia:

"Senhor Jesus - Praias de Alvor".
 
Maravilhados com aquela prenda do Céu colocaram-na no altar da Igreja Matriz. 
(Baseado in “A Monografia do Alvor”, by OLIVEIRA, Francisco Xavier d’Ataíde,
 

 


O Senhor Jesus de Alvor fez muitos mais milagres.
Conta-se, por exemplo, que várias vezes o sacristão notara, quando abria a porta principal da igreja, uns passos molhados no pavimento de pedra, desde a porta até ao altar do Senhor Jesus. 
Reparara também, nessas ocasiões, que os joelhos da imagem vertiam sangue. 
A repetição destes factos e a sua coincidência com diversos naufrágios nas costas de Alvor, em que eram salvos os marinheiros, deram que pensar ao sacristão, que resolveu pôr-se à espreita.
Assim, uma noite o sacristão viu Jesus descer da cruz, encaminhar-se para a porta e sair. 
Esperou. 
Daí a bocado viu entrar o Senhor, encharcado, deixando no chão a marca dos pés molhados, subir ao altar e pôs-se de novo na cruz. 
Era Ele o salvador dos marinheiros naufragados.

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Conta-se, do dia do terramoto de 1755, o seguinte caso, também ligado à imagem.
Ao primeiro estremeção, o povo, que se preparava para a missa, correu aflito para a igreja a implorar misericórdia ao Senhor. 
Enquanto a terra rugia e o mar bramava, fecharam portas e janelas, e, ajoelhados, esperavam que a ira de Deus os poupasse.
Lá fora, no mar formou-se numa enorme vaga, que, vinda do fundo da praia, galgou areia, terra, casario e castelo, destruindo e matando tudo o que encontrava pela frente. 
E assim como veio, foi-se. 
E voltou. 
Voltou várias vezes, bradando em voz cava e rouca contra o que se lhe opunha.
Numa das vezes em que a onda recolhera à praia, um dos pescadores foi à porta da igreja e, vendo a furiosa massa de água engolir o areal e dirigir-se para eles, gritou:

«Senhor Jesus, acudi-nos!»

E um rapazinho, em desespero, correu para o altar, arrancou a imagem do altar e foi pô-la frente ao mar que avançava aterradoramente. 
Então, milagre! 
O mar, como que a medo, parou frente ao Senhor Jesus e voltou mansamente aos seus próprios limites, como quem pede desculpa.
O valente rapazinho acabou por desmaiar com a comoção, e, quando quiseram voltar a pôr a imagem no seu lugar, foram precisos quinze homens, que é o número de pessoas habitualmente necessárias para a deslocar nas procissões.

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Diz a tradição que, de tempos a tempos, crescia uma finíssima barba ao Senhor Jesus. 
O prior, ao reparar neste fenómeno, procurou um barbeiro que se encarregasse de, semanalmente, cortar a barba à imagem. 
A escolha recaiu, naturalmente, num homem piedoso e crente, que durante anos desempenhou a sua tarefa com respeito e saber.
Aconteceu, porém, que o barbeiro faleceu e foi necessário arranjar outro que desempenhasse aquele serviço. 
Como na altura só existia um outro barbeiro em Alvor, esse tomou a seu cargo a barba semanal do Senhor Jesus.
Diz-se que o novo barbeiro não possuía as mesmas qualidades do antecessor; era homem desrespeitador, galhofeiro e insolente. 
Mas, apesar de tudo isto, o padre, que não tinha por onde escolher, incumbiu-o da missão, depois de muitas recomendações.
Na primeira ocasião em que foi chamado a exercer o seu ofício na Santa Imagem, o homem, depois de subir a escada de mão que utilizavam para o efeito, e fazer metade da barba de Jesus, fez um comentário desrespeitoso. 
O Senhor assentou nele os seus olhos habitualmente mansos, com um ímpeto tal que o barbeiro caiu fulminado para trás. 
A partir de então, nunca mais cresceu a barba ao Senhor Jesus e a imagem conserva-se, ainda hoje, como no momento em que o barbeiro foi castigado: de um lado limpa e barbeada, do outro ensombrada por ténue barba.
 



A história passa-se na costa de Alvor, nos meados do século XVIII.

Dizem pessoas muito antigas que o Senhor Jesus que está na Igreja de Alvor veio dar à praia e foi encontrado por uns pescadores e que por isso é que é o protector dos pescadores. Eles levarem o Senhor para a Igreja e correu muita gente para a ir ver, fizeram-lhe logo promessas e começou a fazer muitos milagres. Sucederam-se notáveis prodígios, tantos que os povoa vizinhos começaram a invejar a imagem e tentaram roubá-la. No entanto as suas tentativas foram em vão. Uma força oculta  opunha-se ao roubo.
Foi o caso que se passou com o povo de Portimão.


Uma noite os portimonenses prepararam uma carreta de bois entraram na Igreja e colocaram o enorme crucifixo na carreta atrelada a duas juntas de bois, enquanto o povo da vila dormia.
Em silêncio encaminharam-se para Portimão, mas quando chegaram à extrema da freguesia, ali aos Quatro Caminhos, os bois pararam e por mais que empurrassem, nada de andar.
Foram buscar mais uma junta de bois mas não havia força que fizesse avançar a carreta..
Então os portimonenses, envergonhados e arrependidos,  desistiram e trouxeram novamente o Senhor Jesus de volta para a Igreja de Alvor, onde é que pertencia estar, a fim de que não se soubesse nada.
Por isso não é de admirar que os pescadores tenham grande fé no Senhor Jesus, que tantos prodígios tem feito e muitos tem salvo de morrerem afogados quando o mar está bravo.

 
Mapa é posterior às reformas pombalinas da década de 70 de Setecentos. 
Por alvará de 16 de Janeiro de 1773, o concelho de Alvor foi extinto e passou a integrar o concelho de Vila Nova de Portimão. 
O vasto e empobrecido concelho de Silves foi subdividido, dando origem a dois novos concelhos, o de Monchique e o de Lagoa; 

OBS. O lugar de Moncarapacho, também foi dividido entre o termo de Tavira e o termo de Faro, passou a ficar inteiramente sob a jurisdição de Faro. 
Mais tarde, no Algarve Oriental, seria fundada Vila Real de Santo António, oficialmente inaugurada a 13 de Maio de 1776, em cujo termo ficaria incorporado o entretanto extinto concelho de Cacela. 

Para aceder ao mapa na NBP (Biblioteca Nacional Portuguesa)  ir por aqui http://purl.pt/29070/2/ 

Obs.—Por vezes demora algum tempo a aceder à página do BNP, mas vale a pena esperar alguns segundos.
Para aumentar a visualização do mapa rode com o rato.



Mapa de  Pedro Teixeira  Albernaz — 1634
(muito anterior ao Terramoto de 1755 com visíveis alterações corográficas)
Lagos, Alvor,  Portimão, Ferragudo, Ribeira de Bensafrim, Ria de Alvor, Rio Arade

Alvor - Lagos                                                Lagos 


(Memória gráfica deixada por esses excelente militar cartógrafo 
Ten. Cor. Sande de Vasconcelos)

Se as praias são hoje muito importantes, uns séculos mais atrás importantes eram os fortes, fortalezas, atalaias e baterias que se construíam ao longo da costa.
A título de curiosidade nos termos de Silves, Lagoa, Portimão e Lagos, no Século XVIII, ainda encontramos as seguinte fortificações:

Monumentos Militares 
Silves: Fortes de Nossa Senhora de Pera, N. S. da Rocha, N. S. da Encarnação do Carvoeiro 
Lagoa: Forte de São João 
Portimão: Forte de Santa Catarina e Forte de Alvor 
Lagos: - Forte da Meia Praia, Forte da Ponta da Bandeira, Bateria do Pinhão, Bateria da Piedade, Bateria de Porto de Mós, Forte de N.S. da Luz, Forte de Almádena, Fortaleza da Figueira, Bateria do Azevial, Forte e Bateria da Balieira.





De origem muçulmana, o Castelo de Alvor terá sido construído no Séc. VIII, ou seja no início do povoado muçulmano na Península Ibérica, tendo sido tomado pelos Cruzados em 1189.
O castelo, de forma quadrangular, apresenta as suas muralhas de acordo com o modelo islâmico, erguidas com blocos de pedra irregulares dispostos horizontalmente, elevando-se a mais de cinco metros de altura em diversos trechos. Deduz-se a existência de um adarve pela existência de uma escada adossada ao sector sul da muralha, embora o estado atual do monumento não permita afirmar se os muros eram ameados.
A porta principal de acesso, em cotovelo, é o último elemento original remanescente, acreditando-se que tenha sido originalmente defendida por uma torre albarrã. A leste, observam-se os restos de uma torre que, conforme a sua altura, teria permitido a observação dos movimentos / navegações na enseada.
Acredita-se que o actual Castelo de Alvor corresponda apenas à primitiva alcáçova islâmica.
A interligação entre a manutenção do património histórico e uma utilização desse património nos tempos modernos, nem sempre é fácil e pacífica.
A intervenção levada a cabo no Castelo de Alvor, que requalificou o parque infantil que lá funcionava desde os anos 70 é um excelente exemplo de aproveitamento de um espaço com valor histórico para uma actividade actual, necessária em todos os meios, que se traduz na criação de espaços de entretenimento infantil.
Com as velhas muralhas a delinear o espaço, transmitindo uma sensação de segurança; as árvores antigas a oferecer o conforto de uma sombra necessária e os equipamentos infantis modernos a convidar à diversão, o Castelo de Alvor convida à sua descoberta por miúdos e graúdos, com conquistas de brincadeira.
(texto de Nuno Campos Inácio)

Castelo de Alvor foi construído por cima de um antigo castro e é mesmo anterior à ocupação romana.
Os Mouros após conquistarem Alvor decidiram melhorar a defesa da povoação edificando um castelo no  alto da pequena colina.
Com uma estrutura quadrada e paredes fortes, o castelo resistiu ao Terramoto de 1755 que destruiu quase toda a vila 

Forte do Alvor (Apontamento)

Em Novembro de 1924 foi encontrada, soterrada na Rua do Mourão, uma lápide com a seguinte inscrição;

«Sendo o Ilmº Bispo e Governador deste Reino, D. Fernando Barreto, mandou acabar este forte no ano de 1675».

A pedra que era de altíssimo valor histórico, foi empregue na construção de um bebedouro, porque ninguém conseguiu demover o seu proprietário a oferecê-la  à autarquia de Portimão para o futuro Museu.

  



Em 1983, quando o salva-vidas de Alvor deixou de trabalhar e o Museu da Marinha o quis levar para Lisboa, a população revoltou-se, cortou os carris que o faziam descer do abrigo até ao rio, e impediu que a embarcação que tantas vidas salvou fosse levada dali.
Só em 1983, quando o assoreamento da ria já nem deixava o barco sair do seu abrigo e passar a barra, e outras tecnologias de propulsão se afirmavam, é que o salva-vidas de Alvor deixou de ser utilizado, 50 anos depois de ter começado a sua missão nesta localidade piscatória do Algarve.
Mas o facto de ter salvado as vidas de muitos pescadores, como ainda hoje os mais velhos homens do mar recordam, e de ter sido à força de braços de companheiros de faina que esses salvamentos ocorreram, criou uma forte ligação da comunidade ao salva-vidas.



Pelas suas características únicas e estado de conservação, em 1983, o Museu da Marinha quis preservar a embarcação, levando-a para Lisboa, para aí ser exposta. Mas a população não deixou e cortou os carris que ligam o abrigo à ria, assim impedindo a saída do barco.
Desde aí, o salva-vidas tem estado no seu abrigo, acarinhado pelos alvorenses, mas pouco visível para os de fora. Durante algum tempo, já depois de ter sido desativado, o salva-vidas ainda continuou a ser cuidado pelo seu patrão, José Jorge, e pelo sota-patrão, Manuel Loló, ambos já falecidos.
Ao longo destes 34 anos de inatividade, barco e abrigo foram sendo alvo de alguns restauros e conservação. Mas só agora, com o projeto da criação do Centro de Interpretação é que a sua história e memória serão devolvidas aos visitantes e à população.



O salva-vidas, construído em madeira e com o tipo dinamarquês visível na madeira trincada do casco, era movido à força de braços. Da sua tripulação, apenas o patrão e o sota-patrão eram fixos. Os restantes eram recrutados entre os pescadores, nem sempre agradados com a necessidade de arriscarem a sua vida, em troco de um pagamento que não compensava os perigos.
Num excerto de vídeo mostrado na cerimónia de assinatura do protocolo, um antigo pescador recordava que a companha do salva-vidas passava «um dia inteirinho além, até que o último barco viesse para terra». Tudo isto para ganhar «17$50 e depois 20 escudos».
Mas esse esforço compensava, num tempo em que os barcos de pesca eram a remos ou à vela e passar a assoreada barra de Alvor era um perigo permanente. Muitas vidas foram salvas, muita gente de Alvor existe hoje porque essa companha de homens corajosos andou horas no mar para resgatar o seu avô ou pai. Outro antigo pescador, no mesmo testemunho em vídeo recolhido pela Casa Manuel Teixeira Gomes, recordava a vez em que «o barquinho de Alvor já estava no fundo, mas salvámos os homens».

É toda essa memória de vida dura e heroísmo que o Centro de Interpretação do Salva-Vidas de Alvor quer agora celebrar e não deixar cair no esquecimento.

 


Resumindo, Alvor percorre 5 grandes etapas ao longo dos tempos 

Alvor Idade do Ferro

Alvor Romana

Alvor Medieval

Alvor Idade Moderna

Alvor Actual




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